Estratégia Nacional de Educação Financeira
Data da publicação: 26 de novembro de 2021 Categoria: Sem categoriaPor: Bruno Alves de Oliveira
Impactos da pandemia à economia
Frente a crise sanitária (Covid-19), a educação financeira se mostrou o mecanismo mais importante para a população conseguir lidar com a perda do poder de compra da moeda, alta da taxa de desemprego – ultrapassando o pico mais alto de 2019 em 0,9 p.p -, alta do dólar e queda na atividade econômica (figura 1). Todos esses efeitos poderiam ser minimizados com um planejamento financeiro consistente por parte dos cidadãos ao redor do globo, inclusive, a população brasileira.
Perspectiva da educação financeira no mundo
Autonomia e liberdade para gerir seu próprio capital não é o único bônus proporcionado pela educação financeira, a título de exemplo, nos EUA, o National Financial Educators Council estimou que a falta de conhecimento financeiro custou, em média, US$ 1.634 em 2020 aos cidadãos norte-americanos, segundo a Financial Times, no artigo “Global push to boost financial literacy” .
O cidadão financeiramente educado faz bem para si e para toda a sociedade, como exposto acima. Pessoas educadas financeiramente possuem melhor qualidade de vida e estudos apontam que conseguem maximizar seu bem-estar social com a diminuição do stress, por exemplo, e conseguem aplicar com maior sabedoria seus recursos no sistema financeiro, fazendo com estes recursos cheguem até projetos que garantirão crescimento e desenvolvimento econômico.
As pessoas até admitem ter a necessidade de aprender mais sobre educação financeira e investimento, cerca de 90% conforme a pesquisa divulgada na notícia “80% dos brasileiros têm objetivos financeiros, mas pouquíssimos acreditam que vão atingi-los” – InfoMoney, mas não sabem por onde começar, ou possuem dificuldade de realizar trocas intertemporais -, renunciar a regalias no presente para usufruir no futuro e assim driblar equivocadas decisões imediatistas como, por exemplo, dívidas no cartão de crédito.
Um dos fatores que contribuem para grande parte das pessoas negligenciar a educação financeira está evidente na pesquisa feita pela OCDE (Organização Cooperação e Desenvolvimento Econômico), cerca de 25 países da Ásia, Europa e América Latina, apenas 26 por cento das pessoas entrevistadas detinham o conhecimento de matemática financeira, especificamente, o conteúdo de juros compostos, isto é, as pessoas já são desmotivadas por não possuírem ferramentas básicas para compreensão do assunto em questão. Em resumo, aprender sobre educação financeira é o ponto em comum na vida de muitas pessoas ao redor do globo.
Setor privado e a educação financeira
Posto isto, os influenciadores digitais foram os grandes responsáveis por suprir a demanda por assuntos relacionados à educação financeira, visto que é um segmento atrativo, novo e com prospecção para crescimento. Isto se torna evidente com o surgimento de plataformas digitais como Finclass, Monet, Me Poupe, entre outras. Muitas casas de investimentos entraram no mercado também, como foi o caso da Guide Investimentos , estimando mais de 200 mil assinantes até o final de 2022, já a Wert Investimentos investiu meio milhão do seu patrimônio com educação financeira, no que lhe concerne, os bancos não ficaram de fora, como foi o caso do Banco Inter .
Contudo, mesmo com o aumento da oferta por orientação no âmbito da educação financeira, no panorama nacional, a principal dificuldade está na disseminação deste conhecimento ao estrato social com maior vulnerabilidade econômica, não diferente da situação mundial. Este déficit acaba por dificultar o acesso das pessoas ao esforço do setor privado em ofertar este serviço. Outro extenuante pode surgir, por vezes, este conhecimento alcança parcela da sociedade, mas não consegue romper a barreira ao ponto das pessoas possuírem liberdade e autonomia para melhorar a gestão de seus recursos e tirar proveito das diversas opções de ativos financeiros disponíveis no mercado.
Como evidencia a pesquisa realizada pelo Datafolha e a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) no Raio-X do Investidor brasileiro 2021 , de 3.408 entrevistas, abrangendo às cinco regiões do Brasil, cerca de 29% dos entrevistados investem na Caderneta de Poupança e apenas 3% investem em renda variável, enquanto nações, como os EUA, mais de 65% da população investe em bolsa de valores de forma direta ou via fundo de investimento, isto evidencia a urgência para uma estratégia referente à educação financeira.
Setor público e a educação financeira
Uma das medidas de grande impacto para mudar o cenário atual brasileiro é inserir, na educação de base, professores com qualificação em educação financeira, desse modo, há maiores perspectivas para este assunto de grande relevância entrar nos lares das famílias brasileiras.
O governo não está parado, o programa Aprender Valor é uma iniciativa do Banco Central do Brasil cujo objetivo é estimular o desenvolvimento de competências e habilidades de Educação Financeira e Educação para o Consumo em estudantes das escolas públicas brasileiras. Financiado com recursos do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o programa vem sendo implementado desde o início de 2020, em caráter experimental (fase piloto), em escolas selecionadas de cinco estados (Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará e Paraná) mais o Distrito Federal.
Outra iniciativa interessante foi encabeçada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sob a gestão do presidente Isaac Sidney . A finalidade é disponibilizar uma plataforma de educação financeira totalmente gratuita até o fim deste ano, e promete alcançar todo o nível de conhecimento e diferentes abordagens segundo o perfil dos usuários. Portanto o projeto visa a inserção do maior número de pessoas nesse projeto, dessa forma, haverá uma maior disseminação desse segmento à sociedade.
Conclusão
Portanto, o Brasil dá seus primeiros passos e encara a Educação Financeira como política pública. A estimativa é que em breve à sociedade brasileira esteja usufruindo de grande bem-estar, pois, o objetivo é alcançar, como afirma Messy em Global push to boost financial literacy, “melhor saúde, menos estresse. Em um nível macro, existe o potencial econômico de uma população financeiramente alfabetizada, um mercado financeiro com melhor funcionamento, um mercado maior, maior poupança previdenciária, um nível de endividamento mais baixo ou um endividamento mais bem administrado. Tem um benefício real para os governos e a economia.”.
REFERENCIAS
“Global push to boost financial literacy”
https://exame.com/pme/wert-meio-bilhao-patrimonio-educacao-financeira-investimentos/
https://seucreditodigital.com.br/inter-vai-lancar-cursos-sobre-investimentos/